quarta-feira, 13 de junho de 2012

Estudos Bíblicos - Êxodo

Êxodo
 
Seguindo os nossos estudos dos Livros da Bíblia, agora estaremos vendo sobre o livro de Êxodo. Seu nome segue a tradição encontrada nas versões latinas onde ele é chamado de Liber Exodus. Esta palavra (êxodo) significa, literalmente, partida e, sendo assim, é bastante apropriada ao acontecimento principal do livro que é a saída dos descendentes de Jacó do Egito.
O nome em Hebraico deste livro é: shemôt שמות que significa “nomes”. Este título é retirado da primeira frase do livro e não descreve corretamente o conteúdo do mesmo.
Muitos são os propósitos deste livro, mas o principal, segundo o escritor Antônio Renato Gusso, é mostrar como que Deus libertou Seu povo da escravidão fazendo dele uma nação com a qual estabeleceu um pacto.
É interessante notar que esta foi a primeira grande manifestação direta de Deus para com a humanidade. Até então apenas alguns homens (em especial Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José) tinham tido contato direto com Deus e nunca dantes Deus havia intervido de forma tão grandiosa e tão clara como nos relatos deste livro.
Este livro, portanto, demonstra claramente que Deus estava Se revelando aos homens cada vez mais visivelmente para que a humanidade pudesse entender quem é Ele e quais são os desejos d’Ele para o relacionamento pessoal com a humanidade.

O Esboço do livro pode ser feito da seguinte forma:

- A situação do povo antes de Moisés (Êxodo 1:1-22)
-Resumo da primeira etapa da vida de Moisés (Êxodo 2:1-35)
- Encontro de Moisés com Deus (Êxodo 3-1 – 4:31)
-Confronto de Moisés com Faraó (Êxodo 5:1 – 11:10
- A Saída do povo até o monte Sinai (Êxodo 12:1 – 18:27)
-A Aliança do povo com Deus (Êxodo 19:1 – 31:18)
-A quebra e renovação da Aliança (Êxodo 32:1 – 40:38)

Primeira Parte:

A história de Moisés é tida como a grande história do grande herói do Antigo Testamento. Moisés é, sem dúvidas o maior personagem humano da Bíblia Hebraica, juntamente com o Rei Davi.
1.1 O nome de Moisés:
O nome Moisés possui a mesma raiz dos nomes egípcias dos nomes de Ramsés e Tutmosis. Ramsés vem dos hieróglifos Ra-mês-es-su que significa Filho de Rá (o grande Deus-Sol), já Tutmosis vem dos hieróglifos Thot-mes-es-su que significa Filho de Tot (o deus da sabedoria) e Moisés vem dos hieróglifos Mes-es-su que significa “Filho de”. Há ainda a tradição que tenta afirmar que o nome Moisés estaria ligado ao verbo Tirar (להסיר ) utilizando-se do texto de Êxodo 2:10 em que aparece:
E, quando o menino já era grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou-lhe Moisés, e disse: Porque das águas o tenho tirado. (Êxodo 2:10)
De qualquer forma ambas as traduções seriam válidas para descrever quem foi Moisés, já que ele realmente foi retirado das águas pela filha do Faraó e também porque era filho de Deus, mesmo sendo Deus desconhecido dos egípcios (o que justificaria o nome aparentemente incompleto).
Moisés havia sido criado na cultura egípcia e tinha livre circulação dentre a nobreza daquele país. De forma bastante diferente o povo judeu era extremamente humilhado e escravizado pelo Faraó e era sofredor.
A situação havia mudado bastante desde que José havia doado parte das terras do Egito para que sua família ali se estabelecesse. 430 anos se passaram e agora a realidade já era bem diferente.
1.2 Moisés mata um egípcio:
A Bíblia é um livro único por mostrar que mesmo seus personagens humanos principais foram passíveis de pecados. Moisés, em Êxodo 2:12, irou-se contra um egípcio que maltratava aos judeus e matou-o. Desta forma ele demonstrou sua humanidade, sua inclinação natural para o ódio e a vingança e que, Deus usa pessoas imperfeitas para realizar Sua obra perfeita.
Aliás, também sobre imperfeições de Moisés, o texto que encontramos em Êxodo 4:10 também demonstra isto:
Então disse Moisés ao SENHOR: Ah, meu Senhor! eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua. (Êxodo 4:10)
Aparentemente Moisés teria algum problema de fala. Como ele havia sido instruído no palácio do Faraó, certamente não era sobre falta de conhecimento que Moisés estava falando aqui. O que é mais provável é que Moisés fosse gago ou que se utilizasse de vocabulário chulo ou muitas gírias. De qualquer modo, isto demonstra que não foi a capacidade de Moisés que convenceu ao Faraó, mas sim, a atuação de Deus através deste servo imperfeito.
Êxodo 6:30 Então disse Moisés perante o SENHOR: Eis que eu sou incircunciso de lábios; como, pois, Faraó me ouvirá?
Por este texto poderíamos chegar a conclusão que o problema era realmente o tipo de palavras que Moisés usava, e que provavelmente o vocabulário dele estava longe de ser o ideal.
1.3 As 10 pragas:
Deus declara naquela mesma passagem da sarça ardente que endureceria o coração do Faraó (Êxodo 4:21). Este texto as vezes cria certa dificuldade em alguns teólogos. Ocorre que muitos não aceitam a supremacia de Deus, não aceitam o controle total de Deus e creem que o Faraó deveria ter sua escolha e Deus não poderia intervir. Esta visão é anti-Bíblica e só serve para fundamentar a doutrina de que tudo depende de nossas escolhas pessoais.
Na verdade Deus já havia julgado ao Faraó e já havia condenado ele por suas atitudes. O “endurecer o coração” é uma expressão que se refere a mente. Na cultura daquela época os sentimentos vinham do Coração que era quem controlava as emoções, o amor, o ódio, a raiva, a benevolência…
Só para lembrar e ilustrar o ocorrido, por exemplo, todos os que forem para o inferno se arrependerão de terem ido, mas não poderão fazer mais nada que os livre, o tempo de arrependimento já haverá acabado, e nem por isso Deus poderia ser considerado falho ou injusto.
Muitos estudiosos já tentaram dar explicações naturais para as 10 pragas do Egito. Mesmo que isto fosse possível, coisa que jamais teve comprovação, não haveria como negar o fato de que elas aconteceram devido aos desígnios de Deus e que foi a atuação d’Ele que orquestrou tais eventos.
É importante notar que as 10 pragas não ocorreram simultaneamente, nem mesmo em dias subsequentes. O texto de Êxodo apresenta-as listadas em ordem mas não dá referência ao tempo dentre elas. Estudiosos como R.A. Cole afirmam que, no mínimo, houve um período de seis meses dentre elas, podendo ser muito maior este período.
1.4 A Travessia do Mar Vermelho:
Após a 10ª e terrível praga o Faraó finalmente resolveu deixar o povo de Deus sair. Este foi o momento em que Deus concluiu sua revelação junto aos egípcios. Todos judeus e egípcios já estavam entendendo que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o único e verdadeiro Deus Todo Poderoso e que quem contrariasse a Ele deveria ser condenado por não ter seguido os desígnios d’Ele.
No entanto, para o povo judeu Deus ainda teria uma última revelação maravilhosa que não deixaria dúvidas sobre Seu poder.
Ocorre que o povo seguiu por um desfiladeiro até uma praia do Mar Vermelho e o Faraó com seus exércitos vinha logo atrás.
A quantidade de judeus que ali estavam era de aproximadamente 400 mil pessoas. Isto superlotava tal praia e não haveria por onde escapar.
Nesta hora Deus faz mais uma surpreendente revelação de Seu poder ao fender as águas do Mar Vermelho em duas paredes e o povo de Israel conseguir cruzar aquele mar em pés enxutos.
Muitos dos que são contrários a Bíblia tentam difama-la afirmando que é impossível que isto tenha ocorrido, outros por sua vez tentam falar sobre marés (alta e baixa) que gerariam um caminho onde o povo poderia passar tranquilamente pelo meio do mar.
Nenhuma destes argumentos conseguem corromper o fato Bíblico de que o povo passou por dentro do mar com pés enxutos. É interessante também notar que a arqueologia moderna já comprovou que exatamente neste trecho do mar vermelho existem inúmeras carruagens egípcias, espadas e esqueletos no fundo do mar Vermelho o que comprovaria a história Bíblica de que os egípcios tentaram seguir o povo de Deus e foram tragados pelo mar.
É interessante notar que a Bíblia fala que os israelitas passaram com pés enxutos e que os egípcios foram tragados pelo mar. Ora, se fosse um movimento de marés, como alguns estudiosos tentam afirmar, nunca teria uma total seca e muito menos uma enchente tão rápida que não desse para os egípcios compreenderem que a maré estava mudando.
Também nota-se que o fundo do mar Vermelho é cheio de pedras pontiagudas e muita irregularidade, o que novamente comprova o relato Bíblico de que as carruagens egípcias foram se despedaçando nas pedras do fundo do mar.
Todas as evidências modernas comprovam que o relato do livro de Êxodo tem grande probabilidade de ser verdadeiro. Para nós cristãos e também para os Judeus esta foi a maior prova do poder de Deus no antigo testamento.
1.5 A instituição da Páscoa:
Devido exatamente a saída do povo de Deus do Egito e as impressionantes manifestações do poder de Deus é que até hoje os Judeus comemoram a Páscoa ou Pessach ( פסחא ), significando passagem e veio para o português através do grego Πάσχα.
A Pessach é a festa máxima da tradição judaica, pois representa o evento que ocorreu há 3500 anos, quando Deus enviou as dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos.
Chegada à noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo e ervas amargas (como o rábano, por exemplo). À meia-noite, um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó, mas não tocou nas casas que estavam marcadas com o sangue do cordeiro. Então o Faraó, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou liberar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou ao Êxodo.
Como recordação desta liberação, e do castigo de Deus sobre Faraó foi instituído para todas as gerações o sacríficio de Pessach que deve ser executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico. (Êxodo 12).
O mês de Nissan começa no dia do início da Primavera em Israel, assim sendo, seria no dia 20 de março para o nosso calendário. Desta forma, o Pessach seria comemorado no dia 3 de Abril.
As tradições judaicas fizeram com que esta celebração se estendesse por uma semana, culminando no dia em que realmente seria o dia do Pessach (Páscoa) – 14 de Nissan. Por este motivo é que Jesus tomou a sua última ceia numa quinta feira e esta era a ceia de Páscoa. Foi traído, entregue aos soldados romanos, julgado e condenado numa sexta-feira que também era Páscoa e finalmente ressuscitou no Domingo que era o último dia da celebração da Pessach (Páscoa) pelos Judeus e que era o dia em que originalmente comemoravam-se o Pessach, ou seja, Jesus ressuscitou em 14 de Nissan.
Este pequeno apêndice faz com que compreendamos uma suposta contradição dentre os evangelhos em que alguns apontam como sendo a ceia num dia, a traição noutro, o julgamento e morte noutro e a ressurreição noutro dia como sendo um fato que comprovaria um erro ao afirmar que tudo ocorreu na Páscoa.

Segunda Parte:

Os 10 Mandamentos:
Todos que já tiveram qualquer contato com o cristianismo e com o judaísmo sabe que existem os 10 Mandamentos e normalmente esta é a única passagem do livro de Êxodo que se lembram de imediato. A segura que lembrariam seriam a travessia do Mar Vermelho e a terceira seria as 10 pragas.
No entanto algumas considerações devem ser feitas. Primeiro é que todos os judeus, incluindo os do tempo de Jesus e também os de hoje em dia, sabem que quando um judeu se refere a “Leis” ele está falando do conjunto de textos que conhecemos como Pentateuco no vernáculo cristão ou Torah no vernáculo judaico. Os 10 Mandamentos são parte deste conjunto, mas não são a totalidade do mesmo.
Isto é importante porque algumas seitas, como a dos Adventistas, por um desconhecimento desta nomenclatura acabaram instituindo uma falsa interpretação sobre este tema reduzindo-o a apenas os 10 Mandamentos, quando na verdade ao falar de Leis estamos falando de um complexo sistema legislativo que englobava mais de 600 códigos e regras tanto religiosas quanto sociais e governamentais.
Código Hamurabi
Por outro lado, existem aqueles que falam que os 10 Mandamentos são cópias de leis mais antigas. Isto não é mentira. Ocorre que antes de existirem os 10 Mandamentos haviam outras leis como o Código Hamurabi que foram encontrados na biblioteca de Assurbanipal na cidade de Nínive.
Assurbanipal era um rei que colecionava relíquias de outros povos e que possuía algumas tabletas de barro com um código de leis do antigo rei Hamurabi. O verdadeiro impresso Hamurabi é um monumento de dois metro de altura por dois de largura em diorito negro que contem aproximadamente trezentos parágrafos de lei orientada a vida diária dos babilônios.
No entanto, o próprio código Hamurabi comprova que ele foi recolhido de antigas leis e costumes sumérios e acadianos reorganizados e reestilizados para se adequar melhor aos desígnios deste rei.
Estudiosos como R.A. Cole confirmam que este código era estudado e comentado pelos estudiosos egípcios, e que, portanto, era de conhecimento de Moisés devido a sua formação egípcia.
Também existe o código Esnuma que é ainda mais antigo e também possui co-relações com os 10 Mandamentos.
código Esnuma
Estes fatos não denigrem a validade dos 10 Mandamentos. Ocorre que em todos os 10 Mandamentos houve um grande aprofundamento e precisão dos textos previamente conhecidos. Também houve uma adequação clara no que tange ao louvor a Deus.
O que ocorre é que estes foram escritos por homens, para estruturação de reinos humanos e adequando-se as realidades humanas daquela época. Já os 10 Mandamentos eram superiores tanto no que trazia com relação ao relacionamento do homem com Deus, quanto no que demonstrava sobre os direitos civis e sociais.
Ao tentarem desmerecer os 10 Mandamentos com base na pré-existência destes outros códigos os refutadores da Bíblia caem numa tremenda contradição. Pois, se lessem o conteúdo dos mesmos veria que os 10 Mandamentos são muito mais profundos do que as leis anteriores, também veriam que a adequação dos 10 Mandamentos não se restringiriam especificamente a um povo ou época, tornando-se uma lei que ultrapassaria barreiras de povos, línguas ou tempos.
Certamente que os 10 Mandamentos foram inspirados por Deus, mesmo que tenha sido a partir de leis pré-existentes.
As ordens são apresentadas no texto de forma negativa e positiva. Oito delas são apresentadas como proibições e duas como atos que deveriam ser praticados. Nelas Deus se apresenta como o Senhor e trata o povo como vassalos que devem obedecer às ordens que foram dadas.
Esta interpretação pode parecer um pouco desconexa com o fato de Deus ser um Deus de amor. Ocorre que devemos compreender que 2 fatores principais levaram a estas leis rígidas. Primeiro é que Deus é amor mas também é justiça. Muitos esquecem que Deus é tão justo quanto é amor. Desta forma, Ele deseja que sigamos um padrão elevado para que possamos ser considerados justos perante Seus entendimentos. Por outro lado, Deus em seu infinito amor sabe que o ser humano é falho e, como fazemos com uma criança ou com um animal de estimação, ele coloca regras para o nosso próprio bem.
Veja que todo o texto apresenta um cuidado especial de Deus para com Seu povo. Nos primeiros mandamentos existem as explicações amorosas com promessas de misericórdia, de prolongamento dos dias na Terra… Já os últimos regem um relacionamento com o próximo que faça com que a sociedade sobreviva.
É a união do pai amoroso com a nação que garante a vida em sociedade. Tudo isto é prova de amor e não de maldade.
Uma outra curiosidade sobre os 10 Mandamentos é que eles são tipicamente divididos em 2 grupos, os 5 primeiros falam de como amar a Deus e os cinco últimos falam como amar seu próximo.
O quinto mandamento (Honra seu pai e sua mãe…) também está falando do amor a Deus e na verdade ficava na primeira tábua junto com os outros 4. Estes 5 falam especificamente sobre Deus, tanto é que a palavra “Yaweh” aparece nestes cinco primeiros e não aparece nos outros cinco.

2.1 Não terás outros deuses diante de mim (Êxodo 20:3)
Fica claro o reconhecimento da existência de outros deuses no meio do povo, ainda que falsos, os quais não deveriam ser colocados lado a lado com o Deus verdadeiro como se também fossem legítimos. Isto demonstra claramente que qualquer tipo de “ecumenismo” com religiões não cristãs está totalmente descabido e contrário a este mandamento. Portanto, devemos amar os muçulmanos, espíritas, umbandistas, budistas… mas jamais poderemos pensar em colocar nosso Deus em igualdade com o deles. Também fica claro que sociedades como a Maçonaria tornar-se-ia totalmente contrária a este mandamento já que iguala todos os deuses ao nosso Deus.

2.2 Não farás para ti imagem de escultura… não as adorarás… (Êxodo 20:4-6)
A proibição não tem nada a ver com a simples manifestação artística como alguns têm entendido. Não há nada que indique que não é permitido esculturas, fotografias, pinturas… O que está definido nesta proibição é a confecção de imagens para adoração, veneração, submissão.
A palavra “zeloso” encontrada no versículo 5 vem do hebraico qannã ( מקנא ) que significa ciumento. Não com o sentido doentio, mas com o sentido de que não aceita dividir a adoração com nada nem ninguém.

2.3 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão… (Êxodo 20:7)
Levando-se em consideração o possível significado de “em vão” ser o mesmo que falsidade, dois pontos têm sido destacados como possíveis interpretações deste mandamento. Um é que a proibição pretende evitar que o povo utilizasse do nome de Deus para garantir um juramento que é falso e outro que se tem em vista uma proibição da utilização do nome de Deus para fins mágicos, também, no caso, para falsidade. A maioria dos teólogos compreende da primeira forma.

2.4 Lembra-te do dia de sábado… (Êxodo 20:8-11)
Se a palavra shabbat (שבת ) fosse traduzida e não transliterada para o alfabeto latino, como acontece na maioria das versões atuais da Bíblia, provavelmente não haveria tanta confusão na interpretação deste mandamento. O significado da palavra shabbat (שבת ) é descanso, o que é bom para o próprio ser humano, e a razão deste mandamento segundo as palavras de Jesus em Marcos 2:27, que diz:
E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. (Marcos 2:27)
a pessoa estaria dedicando todos os seus dias ao Senhor.
Este erro de interpretação com relação ao Sábado fez com que certas seitas, como a dos Adventistas, afirmassem que o dia da semana que chamamos em português de Sábado seria o Shabbat judaico. Notem que várias vezes no Antigo Testamento e também no período intertestamentário o povo teve que re-organizar o descanso do sábado, pois já haviam abandonado esta contagem semanal há tempos e começaram novamente atribuindo um dia a cada seis trabalhados para o descanso.

2.5 Honra a teu pai e tua mãe (Êxodo 20:12)
Honrar é dar peso, valor, dedicar respeito, ter em alta consideração. Assim, como em várias outras partes da Bíblia, este mandamento que, diga-se de passagem, não está sendo entregue a crianças, mas a adultos responsáveis diante de Deus, demonstra uma preocupação especial para com a autoridade paterna/materna. O caso é tão especial que o mandamento vem acompanhado de uma promessa.

2.6 Não matarás (Êxodo 20:13)
Com certeza este mandamento nunca foi entendido pelo povo de Israel como se fosse uma proibição a pena de morte. Como é possível notar, logo em seguida, em Êxodo 21, muitas das transgressões do povo, a mando de Deus, eram punidas com a morte do infrator. Por exemplo, deveriam ser mortos os que: matassem outra pessoa, ferissem ou amaldiçoassem aos pais… O termo original seria melhor traduzido por assassinato. Portanto, o mandamento seria não assassinarás seria o termo mais correto.

2.7 Não adulterarás (Êxodo 20:14)
Era considerado adultério a relação sexual entre um homem casado ou solteiro com a mulher de outro homem. O crime era, principalmente, contra o marido traído, o próximo a pena para este crime era a morte. Jesus ampliou este mandamento afirmando que não apenas a prática sexual em si, mas a cobiça desta prática já é considerado adultério.
Mateus 5:27-28 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. | Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
2.8 Não furtarás (Êxodo 20:15)
É bastante claro neste mandamento que a propriedade alheia deve ser respeitada. Isto inclui até mesmo o rapto de uma pessoa para pedir resgate ou para vende-la como escravo (como o caso de José em Gênesis 37).

2.9 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo (Êxodo 20:16)
Grande parte dos crimes que eram julgados em Israel era passível de pena de morte. Sendo assim, um falso testemunho, em muitos casos, era equivalente ao assassinato, pois levava a sua vítima à morte. É claro que isto desagrada a Deus que é justo e verdadeiro.
Em Deuteronômio 17:7 encontramos que os acusadores deveriam ser também os primeiros dos executores da pena de morte. Isto era feito para inibir falso testemunho, já que caso alguém assim procedesse estaria contrariando 2 dos 10 mandamentos.
Deuteronômio 17:7 As mãos das testemunhas serão primeiro contra ele, para matá-lo; e depois as mãos de todo o povo; assim tirarás o mal do meio de ti.
2.10 Não cobiçarás… (Êxodo 20:17)
Existe o desejo positivo e o negativo. O positivo é gostar de alguma coisa e desejar trabalhar para conseguir construir esta propriedade ou adquirir tal bem. Isto não é cobiça e não é pecado diante de Deus. Por outro lado, desejar algo que pertence a outra pessoa é altamente negativo. Este é o desejo proibido neste mandamento.
Estes são os 10 Mandamentos. A Igreja Católica, para tentar esconder a proibição de ter imagens faz com que do versículo 3 ao versículo 6 tudo seja englobado num único mandamento que eles resumem como “Não terás outros deuses diante de mim”. Como este acaba por suprimir um dos 10 mandamentos, eles então dividem o versículo 17 em dois mandamentos fazendo com que um mesmo versículo da Bíblia contenha dois dos 10 mandamentos e assim um fica como não cobiçarás a mulher de teu próximo e a outra parte fica com não cobiçarás a propriedade de teu próximo. Ocorre que naquela época a mulher era uma propriedade do marido, assim como a casa, os bens, os animais… portanto, não há um porque desta divisão já que, no contexto, tudo estaria referindo-se a propriedade.
O Catolicismo também trocou a palavra sábado no quarto mandamento para a palavra “domingo e dias festivos” e também, devido a supressão do segundo mandamento, acabou por trocar a numeração de todos os outros fazendo uma bagunça geral nos 10 Mandamentos.

Conclusão:

O livro de Êxodo demonstra claramente que o povo, mesmo se comprometendo a cumprir os 10 Mandamentos, deixava de cumpri-los constantemente. Isto, aliás, foi uma característica básica do povo judeu durante toda a história e também é uma característica de nós, cristãos, nos dias de hoje.
Ocorre que Deus nos mostrou, através das 10 pragas e da travessia do mar Vermelho Seu infinito e absoluto poder. Após isto, Ele mostrou-nos qual seria o padrão que seria aceitável para que uma pessoa fosse salva. Como Ele já sabia que nenhum ser humano seria capaz de cumprir 100% do padrão divino para salvação, Ele enviou Jesus para salvar-nos de nossos pecados e assim podermos alcançar a salvação eterna através do sacrifício salvívico de Jesus.
Isto comprova que a Bíblia é uma revelação constante de Deus. A princípio de forma isolada a alguns homens, depois demonstrando seu poder supremo, apresenta então qual é o seu padrão para que o homem siga e em seguida, com o reconhecimento do homem que jamais conseguiria atingir este padrão, apresenta então o único caminho para a salvação que é crer em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador e Senhor de nossas vidas.
Você já parou para analisar que os 10 Mandamentos foram transmitidos na segunda pessoa do singular? Se fosse mandamentos gerais deveriam ser na segunda pessoa do plural, portanto, os 10 Mandamentos são escritos para sua vida pessoalmente, bem como para a minha vida pessoalmente. Não tente repassa-los aos outros, nem cobre dos outros. Esta Lei do Amor é escrita para você!

Aliás, se você ainda não reparou, a Bíblia foi escrita para você. Ela não foi escrita para você recriminar os outros, não foi escrita para que você mostre os erros dos outros, mas foi escrita para que você pessoalmente analise seus pecados, veja que sozinho não conseguirá se salvar e compreenda que o Pai Amoroso lhe deu uma chance de se salvar através da vida, morte e ressurreição de Jesus.

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