“A promessa da cura divina”. São eles:
– Já ouvi de muitos o argumento de que o fato das
curas divinas acontecerem por intermédio de seus ministérios, as mesmas estariam
legitimando e aprovando a conduta e ensino destes obreiros. Puro engano. Como já
escrevi em outro post, determinado "pastor moderno", defendendo-se de alguns
questionamentos quanto a certo comportamento adotado, alegou o
seguinte:
1. Cura divina como atestado de retidão moral e espiritual
"[...] a unção, a Glória de Deus e a presença do Espírito Santo
continuam sobre o Ministério que o Senhor me confiou. Os sinais, a salvação das
almas continua, se não iguais, maiores do que antes".
Há um pequeno (ou
grande) equívoco nesta argumentação. Entendo pela Bíblia Sagrada, que as
manifestações e sinais citados pelo pregador, não evidenciam por si só a
aprovação de Deus sobre a vida e o Ministério de ninguém. Sobre o "rejeitado"
Saul (1 Sm 15.22-28) veio ainda o Espírito de Deus e o mesmo profetizou (1 Sm
19.20-24). Jesus advertiu veementemente: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não fizemos muitas
maravilhas? E então direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim,
vós que praticais a iniqüidade." (Mt 7.22-23)
Não julgo aqui a
sinceridade do referido obreiro, só que seus argumentos não servem para
respaldar sua "conduta inconveniente". Conheço pastores e pregadores que viveram
anos cometendo pecados graves, sem que a obra sofresse em suas mãos, e sem a
cessação dos "sinais e maravilhas", incluindo cura divina através de seus
ministérios.
Não são os sinais, mas sim a qualidade dos "frutos" que
identificam aqueles que fazem ou não a vontade de Deus (Mt
7.14-21)
2. Cura divina como agente
de promoção pessoal – Nada é tão promocional como um marketing
pessoal fundamentado num ministério de operações de maravilhas e cura divina.
Tais pessoas não estão interessas em glorificar a Deus, mas sim, de se
autopromoverem à custa daquilo que não lhes pertencem. O marketing pessoal é um
instrumento que mascara muitas vezes a realidade. Até quando o “parecer”
prevalecerá sobre o “ser”? A aparência sobre a essência? Para estes cabem as
palavras de Pedro dirigidas para Simão (o mágico) “Tu não tens parte nem sorte
nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.” (At 8.21). Por
outro lado, muitos crentes acabam “idolatrando” os obreiros e irmãos que foram
agraciados com os dons de curar (1 Co 12.9b), tratando-os como supercrentes ou
superpastores.
3. Cura divina como
produto do “Mercado da Fé” - A situação de extrema pobreza e
miséria, enfrentada por nosso povo, é a mola propulsora para o sucesso dos
mercantilistas da fé, que acabam promovendo o crescimento de "igrejas", que na
realidade tornaram-se grandes centros de investimentos fé-nanceiros (não
confundir com financeiros), hospitais de exploração (não confundir com
restauração), e clínicas ilusiológicas (não confundir com
psicológicas).
“Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre
vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias
destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles
será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com
palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo
tempo não tarda e a sua destruição não dormita.” ( II Pe 2.3 )
Usar a
cura divina como fonte de lucro não é coisa tão difícil. Uma boa oratória e uma
aparência agradável, seguidos da fé simples das massas manipuláveis bastam para
ganhar alguns reais (ou dólares). É preciso lembra que isto se torna possível,
visto que a fé é produzida pela palavra pregada e não pelo
pregador:
“Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Rm
10.17)
4. Cura divina como
instrumento de barganha – “Senhor, se tu me curares, ou curares
minha esposa, meu filho, minha sogra, prometo que te servirei de maneira
diferente. Vou trabalhar para ti incansavelmente, te darei o dízimo com
fidelidade, obedecerei ao meu pastor, farei tudo que quiserdes”. Você já ouviu
esta oração em algum lugar? Pois bem, ela nem sempre retrata um estado de
profundo quebrantamento. Em boa parte dos casos trata-se de mera barganha.
Vivemos um momento tão crítico que as pessoas só fazem as coisas (inclusive para
o Senhor) se vislumbrarem antes algum tipo de vantagem. O apóstolo Paulo, um dos
grandes homens que foram usados por Deus como canal de bênçãos e cura divina
para muitas pessoas se expressou da seguinte forma: “Eu de muito boa vontade
gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas.” (2 Co 12.15a). E ainda “Cada
um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por
constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2 Co
9.7)
5. Cura divina como fenômeno
meramente humano e natural – Os céticos, os liberais, os
naturalistas e os materialistas, fazem parte de um grupo que não acreditam ou
duvidam da existência dos milagres. Declaram, como fez o teólogo alemão Bultmann
(1884-1976) numa tentativa de adaptar o Evangelho a uma cosmovisão moderna, e de
equacionar o problema entre “fé e razão” e “religião e ciência”, que o Evangelho
precisa ser demitologizado, ou seja, os mitos precisam ser destruídos
criticamente.
As narrativas bíblicas do A.T e N.T. acerca das curas
operadas pela ação de Deus (e por isso sobrenatural), não são narrativas
mitológicas, são fatos inquestionáveis que não fazem parte apenas de um passado
distante. Hoje, em pleno século XXI, o Senhor continua agindo e por meio da fé
operando curas no meio e através do seu povo. Ele continua sendo “o Senhor que
te sara.” (Êx 15.26)
Pr Altair Germano
יְהוָה,רֹפְאֶךָ
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